COMO usar o livro “O Conto da Aia” na REDAÇÃO do vestibular? (resenha e DICA matadora)

E aí, pessoa destemida?

Tudo bem por aí?

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Hoje tem resenha e dica de repertório pra usar na redação do vestibular! Estou falando da obra “O conto da Aia”, da escritora canadense – e muito premiada – Margareth Atwood. Esse livro também já ganhou diversos prêmios.

 

Fica nesse post até o final, que eu te conto como usar na redação!

 

Aviso importante: contém spoiler. Mas se você for como eu e só ficar com mais vontade de ler um livro ou ver um filme quando sabe mais sobre ele, bora ver como isso pode te ajudar na formação do seu repertório cultural.

 

O conto da Aia

 

O livro foi publicado em 1985, mas só recentemente ficou mais conhecido no Brasil, com a série de TV que foi feita a partir dela, que também se chama O conto da aia.

O conto da aia é um romance distópico, ou seja, uma narração que está dentro do gênero literário denominado romance. Nesse outro post, eu deixei o link de um vídeo em que falo sobre a diferença entre conto, novela e romance. Dá uma olhada nele depois de terminar esse post, que você vai entender melhor o que significa um livro ser um romance.

 

Distopia

 

Outra coisa: o que significa dizer que algo é distópico? Uma distopia é o contrário da utopia. Ela passa a odeia de uma utopia negativa, isto é, ao contrário.

A utopia remete a um modelo de sociedade ideal, como se fosse o melhor dos mundos possíveis. Embora isso seja algo inatingível, é algo que pode ser visto como um modelo que faz as pessoas terem um caminho pra acreditarem que, se a realidade melhorar um pouco, já estará mais próxima desse patamar mais perfeito.

Já no caso d´”O conto da aia”, trata-se de uma realidade futura em que a sociedade estava submetida a um regime teocrático autoritário, no qual sobretudo as mulheres estavam sem direitos individuais e submetidas a um rígido controle, perdendo sua individualidade e independência. Isso porque tinha havido um golpe de estado que instituiu Gileade no território dos Estados Unidos e reconfigurou a ordem mundial. Por aí, a gente já vê que, quando o termo distopia aparece, é porque algo deu muito errado, rs.

 

Bora pro livro

 

“O conto da aia” tem muitos pontos legais que eu quero contar pra vocês.

O foco narrativo é em 1 ª pessoa e está sempre colado à protagonista, que então assume o nome de Offred. Ou seja, ela é prioridade de Fred, “of Fred”. Mas não sabemos seu nome verdadeiro, de antes de tudo acontecer. Vocês pegaram essa? Ela era uma propriedade, uma serva. Seu nome era dado por causa do nome do seu comandante. Se ela mudasse de casa, mudaria de nome. Nem o nome dela era dela…

Ao longo do relato da protagonista, vamos descobrindo, aos poucos, os detalhes dessa nova realidade em que ela tenta sobreviver, motivada não só pela autopreservação, mas também pela vontade de reencontrar sua filha e seu marido, dos quais foi separada quando ela e sua família tentaram sair do país logo depois do golpe.

A narrativa é pontuada por flashbacks de sua vida antes e no início do golpe. Ela nos conta como era sua rotina, seu trabalho e como perdeu repentinamente seus direitos para seu marido. Numa dessas ocasiões, ficamos sabendo que pessoas em segundo casamento, ou que não tinham se casado religiosamente, não seriam aceitas no novo país. Esse era o caso da protagonista, cujo marido havia se separado da primeira esposa para se casar com ela. Quando foi capturada, a protagonista perdeu completamente o contato com sua filha e seu marido. Ela nem sequer tinha certeza de que eles estavam vivos.

Nessa nova sociedade, extremamente regulada e vigiada, as aias eram justamente as mulheres que, antes, estavam em seu segundo casamento ou não eram formalmente casadas segundo o preceito religioso. Sem serem admitidas como membros confiáveis da nova estrutura social, elas eram recrutadas como meios de aumentar a natalidade, isto é, aquelas que tinham tido filhos e eram comprovadamente férteis.

Isso era, dentro do enredo, uma coisa muito importante, porque a taxa de natalidade daquela sociedade estava em queda livre, já que a maioria das pessoas eram estéreis. O motivo disso é algo que saímos do livro nos perguntando. Alguns momentos apontam para as consequências da poluição do planeta, outros, para a presença de doenças sexualmente transmissíveis. De qualquer modo, as mulheres férteis eram raras e, nesse contexto, muito valiosas. Por isso, mulheres como a protagonista, mesmo sem ser assimiladas à essa nova ordem social, não podiam ser “desperdiçadas”.

Só que, em vez de se casar, elas viravam aias e eram destacadas para servir nas casas de comandantes, que eram os homens com cargos mais elevados. Ou seja, elas eram destinadas à elite. Não é difícil perceber que isso causava desgosto às Esposas, que eram as mulheres casadas com os homens de elite. Muitas delas eram estéreis, então cabia às aias engravidar.

Não vou descrever os rituais e cerimônias dessa sociedade, fica o convite pra que vocês leiam o livro. Mas era isso: a aia era destacada para servir numa casa da elite, na qual sua missão era engravidar do comandante e dar àquela família um bebê. Isso, claro, se dava por meio de uma cerimônia ritualizada, na qual a esposa deveria estar presente. Fora isso, ela não deveria ter contato com o comandante.

Como Offred nos conta, não foi bem isso que aconteceu. Em todo caso, logo depois de cumprir sua tarefa, ela seria remanejada para outra casa. Imaginem vocês que não era uma vida fácil, tendo em vista que, no livro, fica claro que o maior problema das aias não eram os comandantes, mas as esposas.

Havia regras para tudo: o que dizer, que roupa usar, e isso deixava muito claro qual era o papel de cada pessoa naquela organização social. Os comandantes usavam fardas pretas, as esposas usavam azul e as filhas se vestiam de branco. Do mesmo modo, as aias deveriam usar vermelho. Já as martas (criadas), usavam verde claro. As econoesposas usavam vestidos listrados de azul, verde, branco e vermelho. Pouco se fala delas no livro, mas dá pra imaginar que elas acumulavam funções e eram parte da maioria da população.

O relato da protagonista termina de forma suspensa, de modo que não dá pra saber exatamente todos os detalhes de como as coisas terminaram para ela. Depois de uma série de acontecimentos, ela não sabe se está sendo levada para a fuga por um movimento de resistência, ou se está indo para a tortura e morte pelos oficiais da polícia secreta, conhecida como “os Olhos de Deus”. Isso porque Nick, motorista da casa, com quem ela se relacionou secretamente (por intermédio da esposa, que queria ela tivesse um filho), revelou a ela que fazia parte da rede secreta chamada Mayday, que tinha como objetivo derrubar Gilead. Perdemos a protagonista de vista sem saber se ela sobreviveria.

Mas o último capítulo, que, na verdade, é um epílogo, se passa numa conferência sobre a história de Gilead, em 2195. No futuro, portanto. Nele, algumas coisas são indicadas pro leitor, embora continuemos sem resposta para muitas perguntas. Mas já sabemos que o relato de Offred foi encontrado gravado em fitas cassete, que foram transcritas por pesquisadores. Foram eles que o chamaram de “O conto da aia”. Uma coisa interessante que dá pra saber é, por exemplo, que a teocracia de Gilead entrou em colapso e, depois disso, uma forma de sociedade mais igualitária surgiu, embora não tenha voltado a ser os Estados Unidos, como eram anteriormente.

Esse é um livro que merece a leitura. Não só pela sua autora, que é extremamente reconhecida, mas por muitas das questões que levanta.

 

Mas, Ana, como eu posso usar esse livro como repertório na minha redação?

Uma boa opção é usar “O conto da aia” como recurso de contextualização, destacando o aspecto do enredo que mais se aproximar do tema da proposta sobre a qual você está escrevendo. Veja os principais aspectos que podemos ver no livro:

  •  fanatismo religioso
  •  objetificação da mulher
  •  privação de direitos civis
  •  regime autoritário
  •  degradação do meio ambiente
  •  queda da natalidade

Quer um exemplo?

 

Em uma proposta sobre os desafios para a superação do machismo na sociedade, poderíamos começar a introdução usando o romance como recurso de contextualização:

O livro “O conto da aia”, de Margareth Atwood, apresenta uma distopia em que uma mulher tenta sobreviver em meio às duras limitações impostas por um regime autoritário teocrático que restringe o papel social da mulher à reprodução. Fora da ficção, [e aí vem o problema]. Diante disso, [aqui, você coloca a sua tese].

 

E pronto! Você já tem o seu parágrafo de introdução da dissertação argumentativa.

Viu como dá pra ampliar os seus horizontes com essa leitura e, ainda, ganhar mais recursos pra sua redação?

 

Super beijo da Ana,

É nessa que eu vou!

Tchau!

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