Tá Difícil? A gente explica! – Sagarana

Criador: Arquivo / Agência O Globo

E aí!

 

Bora pra mais uma obra-prima da literatura nacional?

 

Tá difícil? A gente explica!

 

A convite de dois amigos queridíssimos – a Josi e o Diogo -, estou participando do projeto “Tá difícil? A gente explica!”, que é uma proposta transdisciplinar para facilitar a vida do querido estudante que tá na berlinda do vestibular.

O que é que o projeto tem? Tem trechos de filmes, leitura dramática de partes do livro, percussão e sonoplastia, e tudo o que precisar pra dominar o mundo. E depois, rola ainda uma roda de conversa pra discutir os aspectos da obra diretamente ligados ao vestibular.

 

Olha que a equipe é ótima:

  • Joseane Alfer, mestre e doutoranda em Estética e História da Arte,
  • Diogo Gomes, diretor, produtor de cinema e teatro, além de mestrando em Estética e História da Arte,
  • Carolina Velloza, mestre em História Social pela Usp,
  • Oswaldo Faustino, escritor, ator, jornalista, palestrante,
  • e a Ana aqui, que é professora de redação, fundadora do Escrevendo sem Medo!, mestre e doutora em Estética e História da Arte

Onde isso, Ana?

Sesc Jundiaí

 (011) 4583-4900

 Avenida Antônio Frederico Ozanan, 6600, (-), Jardim Botânico – Jundiaí/SP

Nessa terça, que foi dia 01 de outubro, falamos do romance Memórias Póstumas de Brás Cubas. Pra complementar o que foi colocado no evento, aqui vai um material pra te ajudar a aprofundar seus conhecimentos sobre o Machadão, a obra em questão e o contexto literário do realismo, em que está inserido o romance.

 

Nos episódios anteriores, já tivemos as obras Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, Capitães da Areia, de Jorge Amado e O Cortiço, de Aluísio de Azevedo. Uma pena que já tá acabando =(

 

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Ah, que festa da literatura!

 

A obra: Sagarana

  • 1946 – publicação de Sagarana.
  • Lugar de destaque na literatura brasileira: linguagem inovadora, estrutura narrativa singular e rica simbologia de seus contos.
  • Estrutura: nove contos
  • Espaço: o sertão de Minas Gerais
  • Foco narrativo: 1ª ou 3ª pessoa (depende do conto)
  • Regionalismo universalizante – elementos característicos de um local determinado e questões que transcendem o sertão, podendo atingir todo e qualquer leitor.
  • Terceira fase do Modernismo no Brasil – abordagem de temas metafísicos, introspectivos. As análises sociais – muito intensas ao longo da fase anterior – dão lugar às análises pessoais.

 

Corpo Fechado (conto)

Mais uma vez, a crença popular é apresentada como elemento central.

Manuel Fulô vive na região de Laginha e é noivo de Das Dores. Certo dia, Das Dores chama a atenção de um valentão que circulada por Laginha.

Tratava-se de Targino, que, sem cerimônias, anuncia a Manuel Fulô que irá passar uma noite com sua noiva, Das Dores, antes que eles se casem.

Fulô, indignado com a ofensa, recorre a Antônio das Pedras-Águas, conhecido feiticeiro da região de Laginha. Tonico, como era chamado, realiza um ritual de corpo fechado com Manuel Fulô, que agora se vê encorajado a enfrentar Targino.

Ao se enfrentarem numa briga de vida  ou morte, Fulô desvia dos tiros dados por Targino e mata o valentão a golpes de uma pequena faca.

Criador: Arquivo / Agência O Globo

O autor: João Guimarães Rosa

  • Contista, novelista, romancista e diplomata
  • Nasceu em Cordisburgo, MG, em 27 de junho de 1908, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 19 de novembro de 1967.Formou-se em Direito no Rio de Janeiro em 1935.
  • 1030 – formou-se médico pela Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais
  • 1934 – torna-se diplomata e exerce diversos cargos em Hamburgo, Bogotá e Paris. Volta ao Brasil em 1962
  • 1952 – Guimarães Rosa fez uma longa excursão a Mato Grosso. Isso colocou o autor em contato com os cenários, os personagens e as histórias que ele iria recriar em Grande sertão: Veredas. É o único romance escrito por Guimarães Rosa e um dos mais importantes textos da literatura brasileira, publicado no mesmo ano
  • Conhecido pela inovação na linguagem: influência de falares populares e regionais somados à erudição do autor (falava sete línguas e lia em muitas outras)

Saiba mais sobre escritor clicando aqui.

 

Filmes

Os contos do livro Sagarana deram origem a diversas adaptações para o cinema. Aqui, vamos citar as duas versões que tomaram por base o conto A Hora e a Vez de Augusto Matraga. Uma é de 1965 e foi dirigido por Roberto Santos. Dá pra encontrar o filme na íntegra no Youtube.

Aí vai ele:

 

O outro filme é mais recente, de 2015, teve a direção de Vinícius Coimbra e contou com nomes conhecidos no elenco, como Chico Anysio, João Miguel, Vanessa Gerbelli e José Wilker. O longa obteve diversos prêmios nacionais e internacionais. Fica o trailer, pra você ter um gostinho e se animar a ver o filme todo:

Caiu no Vestibular

1) (FUVEST 2007) “Porque todos os córregos aqui são misteriosos – somem-se solo a dentro, de repente, em fendas de calcário, viajando, ora léguas, nos leitos subterrâneos, e apontando, muito adiante, num arroto ou numa cascata de rasgão….”
João Guimarães Rosa, Sagarana, 2001.

Neste trecho, o autor
a) utiliza o sentido figurado para descrever como ocorre a infiltração das águas nos diversos tipos de rochas.
b) utiliza-se da metáfora “córregos misteriosos” para retratar o desconhecimento dos cientistas a respeito dos rios subterrâneos.
c) relata o turbilhão de águas superficiais, comum em áreas de terrenos cristalinos e chuvas torrenciais.
d) descreve uma situação inexistente de processos fluviais com a intenção de utilizá-la como recurso literário.
e) descreve, em linguagem literária, como é o comportamento de águas subterrâneas e superficiais em rochas calcárias.

 

2) (FUVEST 2009)

Vestindo água, só saído o cimo do pescoço, o burrinho tinha de se enqueixar para o alto, a salvar também de fora o focinho. Uma peitada. Outro tacar de patas. Chu-áa! Chu-áa… — ruge o rio, como chuva deitada no chão. Nenhuma pressa! Outra remada, vagarosa. No fim de tudo, tem o pátio, com os cochos, muito milho, na Fazenda; e depois o pasto: sombra, capim e sossego… Nenhuma pressa. Aqui, por ora, este poço doido, que barulha como um fogo, e faz medo, não é novo: tudo é ruim e uma só coisa, no caminho: como os homens e os seus modos, costumeira confusão. É só fechar os olhos. Como sempre. Outra passada, na massa fria. E ir sem afã, à voga surda, amigo da água, bem com o escuro, filho do fundo, poupando forças para o fim. Nada mais, nada de graça; nem um arranco, fora de hora. Assim.

João Guimarães Rosa. O burrinho pedrês, Sagarana.

Em trecho anterior do mesmo conto, o narrador chama Sete-de-Ouros de “sábio”. No excerto, a sabedoria do burrinho consiste, principalmente, em

a) procurar adaptar-se o melhor possível às forças adversas, que busca utilizar em benefício próprio.
b) firmar um pacto com as potências mágicas que se ocultam atrás das aparências do mundo natural.
c) combater frontalmente e sem concessões as atitudes dos homens, que considera confusas e desarrazoadas.
d) ignorar os perigos que o mundo apresenta, agindo como se eles não existissem.
e) escolher a inação e a inércia, confiando inteiramente seu destino às forças do puro acaso e da sorte.

 

3) (PUC) Além do coloquialismo, comum ao diálogo, a linguagem de Quim e de Nhô Augusto caracteriza também os habitantes da região onde transcorre a história, conferindo-lhe veracidade. Suponha que a situação do Recadeiro seja outra: ele vive na cidade e é um homem letrado. Aponte a alternativa caracterizadora da modalidade de língua que seria utilizada pela personagem nas condições acima propostas:

(A) Levanta e veste a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho um novidade meia ruim, para lhe contar.
(B) Levante e veste a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
(C) Levante e vista a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meia ruim, para lhe contar.
(D) Levante e vista a roupa, meu patrão senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe contar.
(E) Levanta e veste a roupa, meu patrão Senhor Augusto, que eu tenho uma novidade meio ruim, para lhe contar.

 

4) (UPF) Nos contos de Sagarana, Guimarães Rosa resgata, principalmente, o imaginário e a cultura:

A) da elite nacional
B) dos proletários urbanos
C) dos povos indígenas
D) dos malandros de subúrbio
E) da gente rústica do interior

 

5) (UEL) O trabalho com a linguagem por meio da recriação de palavras e a descrição minuciosa da natureza, em especial da fauna e da flora, são uma constante na obra de João Guimarães Rosa. Esses elementos são recursos estéticos importantes que contribuem para integrar as personagens aos ambientes onde vivem, estabelecendo relações entre natureza e cultura. Em Sarapalha, conto inserido no livro Sagarana, de 1946, referências do mundo natural são usadas para representar o estado febril de Primo Argemiro.
Com base nessa afirmação, assinale a alternativa em que a descrição da natureza mostra o efeito da maleita sobre a personagem Argemiro:

A) “É aqui, perto do vau da Sarapalha: tem uma fazenda, denegrida e desmantelada; uma cerca de pedra seca, do tempo de escravos; um rego murcho, um moinho parado; um cedro alto, na frente da casa; e, lá dentro uma negra, já velha, que capina e cozinha o feijão.”
B) “Olha o rio, vendo a cerração se desmanchar. Do colmado dos juncos, se estira o vôo de uma garça, em direção à mata. Também, não pode olhar muito: ficam-lhe muitas garças pulando, diante dos olhos, que doem e choram, por si sós, longo tempo.”
C) “É de-tardinha, quando as mutucas convidam as muriçocas de volta para casa, e quando o carapana mais o mossorongo cinzento se recolhem, que ele aparece, o pernilongo pampa, de pés de prata e asas de xadrez.”
D) “Estava olhando assim esquecido, para os olhos… olhos grandes escuros e meio de-quina, como os de uma suaçuapara… para a boquinha vermelha, como flor de suinã….”
E) “O cachorro está desatinado. Pára. Vai, volta, olha, desolha… Não entende. Mas sabe que está acontecendo alguma coisa. Latindo, choramingando, chorando, quase uivando.”

 

6) (PUC-SP) O conto Conversa de bois integra a obra Sagarana, de João Guimarães Rosa. De seu enredo como um todo, pode afirmar-se que:

A) os animais justiceiros, puxando um carro, fazem uma viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e um defunto e termina com dois.
B) a viagem é tranqüila e nenhum incidente ocorre ao longo da jornada, nem com os bois nem com os carreiros.
C) os bois conversam entre si e são compreendidos apenas por Tiãozinho, guia mirim dos animais e que se torna cúmplice do episódio final da narrativa.
D) a presença do mítico-lendário se dá na figura da irara, “tão séria e moça e graciosa, que se fosse mulher só se chamaria Risoleta” e que acompanha a viagem, escondida, até à cidade.
E) a linguagem narrativa é objetiva e direta e, no limite, desprovida de poesia e de sensações sonoras e coloridas.

 

 

Gabarito

1) e

2) a

3) d

4) e

5) b

6) a

 

Fontes consultadas

https://pt.wikipedia.org/wiki/Manchus

https://pt.wikipedia.org/wiki/Guimar%C3%A3es_Rosa

http://www.academia.org.br/academicos/joao-guimaraes-rosa/biografia

https://geekiegames.geekie.com.br/blog/sagarana-analise/

https://www.passeiweb.com/preparacao/banco_de_questoes/portugues/a_hora_e_vez_de_augusto_matraga_conto

https://www.passeiweb.com/preparacao/banco_de_questoes/portugues/sagarana

 

 

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